Os objectivos
pessoais são muito importantes, quando expressam o desejo de viver, de criação,
de vontade de experimentar, na prática, a felicidade.
No
entanto, se tais objectivos não incluírem suficientemente os interesses
dos outros, as perdas serão, certamente, maiores do que os ganhos. No limite
restrito do interesse egoísta, a pessoa fica, obviamente, a sentir-se só e em
desarmonia com a natureza de vida interdependente com os outros. Na verdade,
parece ser inviável a ideia de felicidade absolutamente solitária, sem um
qualquer projecto de relação com alguém.
A autêntica
criação é sempre plural, em que dois se unem para criar um terceiro, surgindo
assim o fenómeno de grupo: um Nós alargado, criativo, que transcende as
individualidades, mas integra cada Eu e cada Tu. Fazendo parte de um Nós dessa
qualidade criativa e cuidadora, e contribuindo para tal, a pessoa vive um
sentimento de pertença, o qual decorre do conceito primordial de família.
Levamos e procuramos viver esse símbolo essencial, em múltiplos contextos,
adaptando-o à lógica de funcionamento de todos os outros agrupamentos humanos,
quer seja na escola/trabalho ou em qualquer outro tipo de relação social. Não é
por acaso que, quando pensamos o que é o contrário de ser «estranho», a palavra
«familiar» surge com muita naturalidade na mente, mostrando que, para superar a
estranheza, o desnorte, enfim a falta de sentido na vida, a ligação com os
outros, mediante sonhos conjuntos e acções partilhadas para os concretizar, é o
que permite a construção da real felicidade.