É importante compreender que as pessoas não são os seus
pensamentos, não são as suas emoções e não são as suas acções. Os julgamentos
humanos tendem a ocorrer sobre algum ou mais desses objectos. Sim, pode-se
considerar que são objectos, porque são sempre de alguém. No
entanto, tais posses ou propriedades não são os seus proprietários, sendo que,
ao não distinguir isto, manifesta-se uma grande confusão nas relações
interpessoais. Infelizmente, é a partir desta confusão que se disseminam muitos
conflitos na Humanidade.
Cada pessoa é um agente vivencial que toma decisões nas múltiplas experiências da sua vida e, nessa condição, muda os seus pensamentos, emoções e comportamentos inúmeras vezes ao longo do tempo. Por que razão, então, se julgam as pessoas com base nas suas opiniões, emoções e acções?! Todas essas «coisas» estão em constante mudança e, por isso, não estará aí a natureza de cada pessoa. O todo de um ser humano, o proprietário, não é nenhuma das suas propriedades nem sequer a sua soma e, lembrando-nos disso, torna-se muito mais fácil respeitarmos os outros e a nós próprios. Para que a humildade e a tolerância imperem será, então, necessário recordarmos que todos somos seres vivos inteiros, decisórios e experienciais, em vez de um qualquer objecto de pensamento, emoção ou acção, por muito agradável ou desagradável que seja para quem o interpreta em cada momento.