sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Convicções

As convicções são estados fixos das crenças, provocando, nessas áreas da mente, a paralisação da curiosidade e a anulação do entusiasmo – só a surpresa do desconhecido pode entusiasmar – constituindo-se, assim, como defesas rígidas contra todas as possíveis perspectivas diferentes.

É importante notar que, por um lado, um qualquer tipo de convicção, permite uma segurança superficial, de fachada, dada a opção de não explorar mais as profundezas dessa ideia; por outro lado, tal rigidez expressa o medo da mudança, da transformação, do envelhecimento… No limite, qualquer convicção radica no medo da morte, e constrói-se a partir dessa terrível angústia, não sendo, portanto, estranho que sempre tenham existido fenómenos muito intensos de fundamentalismo religioso. Mas, naturalmente, as convicções podem ter qualquer rótulo: científico, político, ideológico, desportivo, alimentar, enfim, todas as áreas do conhecimento humano são férteis para as convicções.

É difícil não ter convicções? Assim parece, mas podemos estar vigilantes face ao desenvolvimento dessas «ervas daninhas» da mente. Um sinal sempre a observar é quando julgamos que temos a total razão, num qualquer debate/discussão, porque estaremos, nesses momentos, a nutrir o nosso lado convicto. A humildade não é apenas uma qualidade «simpática» face aos outros; é, sobretudo, uma escolha de inteligência: “Só sei que nada sei” (como disse o filósofo Sócrates); sim, porque, dessa forma, abre-se totalmente a mente ao desconhecido… Talvez não seja possível lá ficar muito tempo, mas o prazer de aceder, mesmo que por breves momentos, ao campo das infinitas possibilidades é o que parece (não pretendo ser convicto) expandir, realmente, a mente.