Num qualquer tipo de querela, tenta-se, habitualmente, encontrar argumentos que ataquem a forma de pensar do outro, enquanto se defende a própria (e limitada) opinião. No fundo, é um jogo de culpa, esperando-se que quem saia vencido aceite, para si, a totalidade dos corrosivos sentimentos jogados, mas tal desfecho, por norma, não acontece. De facto, nesse quadro, a culpa tende a ser, pelo menos, minimamente partilhada, apesar de nem sempre estar evidente, dado que poderá estar escondida no recipiente de ansiedade que cada jogador culpabilizante invariavelmente utiliza.
Por conseguinte, a estratégia mais inteligente é abdicar desse tipo de disputa destrutiva, optando pelo tipo de jogo relacional de cooperação, mediante um encontro inicial de consenso de pontos comuns entre os elementos relacionais, sendo esses alicerces básicos para que se actualize o potencial expansivo decorrente de uma aliança de diferenças. Neste processo, a raiva, revolta e ressentimento (expressões de culpa projectada) são, realmente, transformados em aceitação tranquila através de uma consistente iniciativa interior de compreensão da perspectiva do outro, passando-se, assim, de posturas separadoras e fragilizantes do "Eu" e "Tu" para atitudes efectivas de fortalecimento dos compostos do "Nós"...