Muitas pessoas sentem-se orgulhosas e, aparentemente, auto-valorizadas em situações de imposição de poder sobre os outros, sem terem em consideração as suas autênticas necessidades.
No entanto, o exercício de tal poder, de natureza autocrática, manifesta, desde logo, uma desconsideração e desprezo básicos sobre o outro, que se fundam em reais sentimentos de auto-desvalorização.
Esse sofrimento, em vez de ser pensado e compreendido, é negado e projectado, ilusoriamente, para fora de si. Realce-se que esta forma de lidar com a dor emocional não permite uma resolução da problemática de inferioridade; antes pelo contrário: as pessoas que escolhem essas atitudes, de forma continuada, sentem-se, progressivamente, mais frágeis e esvaziadas de si mesmas, dada a projecção realizada.
A solução correctiva, desta típica forma de actuar, passa por viver relações baseadas no respeito e gosto pelas diferenças humanas. Mas, quando tais experiências não se verificaram, suficientemente, ao longo da história de vida de determinada pessoa, a adesão a uma relação psicoterapêutica é a via possibilitante para a reparação da identidade fragilizada, para a qual será fundamental a particular postura do psicoterapeuta, designadamente a que foi defendida por Carl Rogers, ao nível da aceitação incondicional do outro e na crença inabalável no potencial, sempre presente, de desenvolvimento humano.