domingo, 5 de novembro de 2006

O luto com amor: "Unforgettable"

Natalie Cole perdeu o seu pai quando era ainda adolescente e, apesar de já dedicar-se à música, não quis cantar as canções de Nat King Cole durante muitos anos, justificando que pretendia seguir uma carreira sem necessitar de uma “ajuda” especial. Mas ela própria reconhecia que seria muito doloroso evocar o pai dessa forma.

No entanto, já com 41 anos, Natalie Cole enfrentou, com grande amor, o processo de luto do pai, ao ser capaz de o relembrar da forma que evitava, cantando algumas das canções que o notabilizaram, no álbum “Unforgettable... with Love”. Este foi, certamente, um marco importante para a vida desta mulher que, ao dar voz a Nat King Cole, demonstrou que ele continuava vivo dentro dela, numa relação interna em contínuo desenvolvimento materializada, de forma magistralmente redundante, no inesquecível dueto que fez com a memória do pai na canção “Unforgettable”.

Um processo de luto bem elaborado necessita da participação do amor e, nesse caso, o que se modifica é apenas o projecto com a pessoa amada, numa redefinição que o possível obriga, mas que o amor torna eterno.

A partir de agora, sempre que necessitar de fazer o luto de alguém que amo, cantarei:

“Unforgettable, that's what you are
Unforgettable, though near or far
Like a song of love that clings to me
How the thought of you does things to me
Never before has someone been more

Unforgettable, in every way
And forever more, that's how you'll stay
That's why, darling, it's incredible
That someone so unforgettable
Thinks that I am unforgettable too” (letra e música de Irving Gordon).

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=53ith7bNN8w