É mais belo um olhar triste do que um sorriso largo...
A poesia revela-se a partir das profundidades, ao provocar um sismo nas falhas tectónicas da rigidez intelectual, exteriorizando-se docemente em arrepios por todo o corpo; o humor é superficial, porque apenas comprova a sua existência ao demonstrar a qualidade de elasticidade dos lábios.
Julgava que não fosse possível existir uma alegria profunda, enquanto emanação de um amor maduro, que utilizasse uma parte da superfície do rosto como fotografia de um destino a descobrir. Já não acredito nesta regra, porque não considero que os filmes de Roberto Benigni sejam meras excepções. Ao ver o seu último filme, “O tigre e a neve”, constatei que Benigni concluiu, em mim, a reconciliação de sentimentos complementares que já tinha iniciado no “A vida é bela”. Tristeza e alegria são um casal até que a descrença no amor as separe, uma vez que só podem conviver harmoniosamente através da única forma de autenticidade: o romantismo.