Os pais precisam encontrar estratégias comuns na educação dos
filhos, uma vez que fazem parte de uma coligação igualitária, ou seja, numa
situação natural, e desejável, cada um dispõe de 50% de responsabilidade
educativa. De outro modo, será introduzido algo muito artificial, inquietante e
desarmonioso no desenvolvimento infantil, dado que um dos pais não tem, na sua
essência, mais valor do que o outro. Mesmo em termos biológicos, assim se
verifica, tendo cada progenitor contribuído com 50% de genes no processo
reprodutivo. É bom lembrar isso, essa realidade factual e irrefutável, quando
«parecer» que um dos pais é mais importante do que o outro para a criança. Exceptuando
os casos de negligência ou maus-tratos infantis, ambos os pais devem ser
considerados e respeitados por aquilo que são, na sua justa e equilibrada
importância.
As conversações, em privado e regulares, são muito
importantes numa coligação parental, sendo importante recordar que existem as
visões educativas particulares da mãe e do pai, e a via virtuosa do meio, da
conciliação, ou seja, a escolha aperfeiçoada da educação comum. Nesta
articulação, é necessário haver humildade, respeito e valorização de ambos os
pais. Quando assim é, as perspectivas diferentes não serão sentidas como atritos
indesejáveis, mas sim como elementos enriquecedores para uma visão inicial alargada,
a partir da qual é possível escolher, de seguida, uma definição educativa melhorada,
de síntese dos contributos maternos e paternos.
A alternativa passa, muitas vezes, pela tentativa de
condicionar a criança à escolha de um dos lados parentais. A criança, assim,
torna-se aparentemente poderosa, porque parece que pode eleger, em cada
momento, o pai que defenda os seus interesses. Mas é apenas aparência, porque o
que, realmente, sucede na criança é a terrível angústia de ter que optar por um
pai em detrimento do outro, quando ambos os pais são fundamentais para o seu bem-estar.
Para além disso, como pode uma criança escolher o que é melhor para si em
termos educativos?! Nestes casos, a família é vivida ao contrário, com todas as
tonturas daí decorrentes: a criança é convidada a ser adulta e os adultos assumem
os papéis de crianças.