terça-feira, 20 de outubro de 2015

Um Governo de coligação natural: os pais

Os pais precisam encontrar estratégias comuns na educação dos filhos, uma vez que fazem parte de uma coligação igualitária, ou seja, numa situação natural, e desejável, cada um dispõe de 50% de responsabilidade educativa. De outro modo, será introduzido algo muito artificial, inquietante e desarmonioso no desenvolvimento infantil, dado que um dos pais não tem, na sua essência, mais valor do que o outro. Mesmo em termos biológicos, assim se verifica, tendo cada progenitor contribuído com 50% de genes no processo reprodutivo. É bom lembrar isso, essa realidade factual e irrefutável, quando «parecer» que um dos pais é mais importante do que o outro para a criança. Exceptuando os casos de negligência ou maus-tratos infantis, ambos os pais devem ser considerados e respeitados por aquilo que são, na sua justa e equilibrada importância.

As conversações, em privado e regulares, são muito importantes numa coligação parental, sendo importante recordar que existem as visões educativas particulares da mãe e do pai, e a via virtuosa do meio, da conciliação, ou seja, a escolha aperfeiçoada da educação comum. Nesta articulação, é necessário haver humildade, respeito e valorização de ambos os pais. Quando assim é, as perspectivas diferentes não serão sentidas como atritos indesejáveis, mas sim como elementos enriquecedores para uma visão inicial alargada, a partir da qual é possível escolher, de seguida, uma definição educativa melhorada, de síntese dos contributos maternos e paternos.

A alternativa passa, muitas vezes, pela tentativa de condicionar a criança à escolha de um dos lados parentais. A criança, assim, torna-se aparentemente poderosa, porque parece que pode eleger, em cada momento, o pai que defenda os seus interesses. Mas é apenas aparência, porque o que, realmente, sucede na criança é a terrível angústia de ter que optar por um pai em detrimento do outro, quando ambos os pais são fundamentais para o seu bem-estar. Para além disso, como pode uma criança escolher o que é melhor para si em termos educativos?! Nestes casos, a família é vivida ao contrário, com todas as tonturas daí decorrentes: a criança é convidada a ser adulta e os adultos assumem os papéis de crianças.