A confiança numa relação depende, em grande medida, de uma harmonia consistente entre o que se diz e o que se faz. Especificamente, no âmbito da relação terapêutica, o psicólogo deverá estar bastante atento aos compromissos que realiza com o paciente, nomeadamente ao nível das marcações de consultas, o tempo de cada uma e a sua periodicidade, assim como às expectativas, explícitas e implícitas, criadas quanto ao desfecho desse processo. Para além disso, a própria forma de estar do psicólogo em consulta deverá revelar um padrão coerente de intervenção, tendo em conta o seu quadro teórico de referência e as normas éticas e deontológicas da sua profissão. O que sucederia se o psicólogo faltasse frequentemente às consultas com o paciente, que alterasse muitas vezes os horários das consultas, o seu tempo de duração ou a própria forma de intervir? A confiança do paciente ficaria muito abalada neste tipo particular de relação, na qual a confiança é a «terra» essencial a partir do qual se podem cultivar as «sementes» de transformação psicológica.
De forma análoga, a confiança deve ser uma qualidade a desenvolver, conscientemente, em todos os outros tipos de relações humanas, com particular destaque para a relação pais-filhos. Se os pais dizem determinadas coisas, mas muitas vezes fazem outras, como podem as crianças se sentirem seguras e tranquilas na relação com os progenitores? Dificilmente podem, e, nessa medida, as crianças ficam com os seus «portos seguros» deteriorados, tornando-se estes grandes obstáculos a um saudável desenvolvimento mental infantil.
Em suma, numa qualquer relação, se não existir confiança suficiente, as vivências da verdade e de previsibilidade encontram-se enfraquecidas e, por conseguinte, o bem-estar psicológico de cada um dos envolvidos ficará, em maior ou menor grau, prejudicado.