No mal-estar psicológico poderá ser difícil discernir a sua tonalidade emocional e expressão de significado. De facto, muitas vezes, no contexto clínico, os pacientes relatam que se sentem mal, mas pouco conseguem definir como é esse sentir, de que tipo, e que pensamentos lhe estão associados. Nestes casos, o acompanhamento psicológico deverá proporcionar, gradualmente, um aumento de clareza ao nível da identificação das emoções e a sua articulação com os pensamentos. A compreensão crescente sobre o mundo interno trará, assim, uma maior sensação de harmonia ao fluir vivencial, dado que cada «nota» de emoção será melhor escutada, identificada e percebida pelos processos de pensamento.
Naturalmente, o mundo interno vive em relação dinâmica com a realidade externa, onde se enquadram os comportamentos, acontecimentos de vida e as relações interpessoais. A compreensão deste balanceamento, entre o interior e o exterior, nomeadamente das suas dinâmicas de causa-efeito, é algo a explorar e, em grande medida, a treinar com os pacientes, para que a lucidez aumente, e se torne presente, nas várias dimensões de vida. Assim, não se evitará que o mal-estar psicológico possa voltar, mas sem dúvida que se estará muito melhor preparado para o identificar, aceitar e transformar.