No entanto, em rigor, não existem segredos em sentido lato, porque, ao nível do inconsciente, a realidade (verdade) é emocionalmente acedida, dada a real ligação quântica entre tudo o que existe. Neste sentido, guardar um segredo visa somente uma restrição do campo de consciência do Outro, manifestando-se numa relação entre consciente do Eu e inconsciente do Outro, ou seja, num registo comunicacional perturbado, uma vez que os domínios de emissão e de recepção da informação são de qualidade muito diferente.
Naturalmente, um segredo só se torna pertinente e, por isso, perturbador, se a informação velada for relevante na relação particular entre duas ou mais pessoas, porque alguém sabe, conscientemente, algo verdadeiro que omite de forma deliberada, enquanto o Outro desconhece esse conteúdo verdadeiro, mas sente-o verdadeiramente, seja de que forma for, repercutindo-se numa consciente relação humana enviesada, de desencontro, de estranheza.
No entanto, não se deve considerar os conteúdos de privacidade como informações secretas, de segredo - no sentido proposto neste texto -, uma vez que os conteúdos inerentes à vida íntima apenas têm real valor desenvolutivo, de facto, para os intervenientes nesse registo. Mas, importa estar ciente, que o cultivo de conteúdos de privacidade, no contexto de uma relação íntima, constituem-se, obviamente, como segredos que influem negativamente na vivência relacional.