A física quântica é o ramo da ciência que estuda a base constituinte de tudo o que existe – a energia. Tudo é feito de energia, ou seja, existe um continuum de energia no Universo, tal como Einstein já o tinha provado na sua célebre equação da teoria da relatividade: E=MC^2.
Desta forma, é necessário repensar os arcaicos conceitos de Eu e de Outro como identidades separadas, considerações que têm sido consensualmente aceites à luz de diversos paradigmas das ciências humanas, mas que carecem de uma efectivo diálogo interdisciplinar com outros ramos da ciência, nomeadamente com a física quântica. A psicologia, enquanto ciência humana, ainda por se afirmar, terá, forçosamente, que integrar nas suas conceptualizações - tantas vezes sem qualquer rigor cientifico – os contributos fundamentais da física quântica que, com as suas experiências, com rigor laboratorial, poderão acrescentar, através de uma reflexão e integração das suas conclusões, a solidez e a credibilidade necessárias à psicologia científica.
Na realidade, a física quântica demonstra algo que, nalguns domínios de sabedoria espiritual, há muito tempo se fala, e que se sintetiza na seguinte frase: “Somos todos um!” De facto, não existe realmente separação, a nível físico, entre quaisquer partículas do universo, independentemente da sua aparente, distinta e separada posição espacial, ou seja, existe uma ligação efectiva entre um qualquer Eu e um qualquer Outro. Por conseguinte, existe, a nível lato, um único corpo físico, um único ser global, de que tudo faz parte, que, por isso mesmo, pode-se designar por Deus. Desta forma, uma vez que tudo faz parte do mesmo organismo, cada uma das partículas que constitui essa identidade global tem um registo identitário comum: partícula divina.
Um Eu e um Outro, divinos, apesar de não serem, efectivamente, identidades separadas, não significa que não possuam características distintas. Ao vivermos num corpo global, existem, nomeadamente, átomos, moléculas, células e órgãos diferenciados, mas que estão todos ligados nesse ser uno, num tipo de ligação que pode ser mais próximo ou mais distante. Existem, assim, um Eu, um Tu, um Ele(a), um Nós, um Vós e um Eles parcelares, com qualidades próprias e níveis de proximidade/intimidade diferentes entre si. Todavia, importa enfatizar que tudo o que um Eu faz – enquanto activações energéticas, que se podem expressar ao nível de comportamentos, pensamentos e sentimentos– repercute-se, literalmente, por todo o universo, mas obviamente com consequências mais significativas nas partículas identitárias que lhes são mais próximas. Por exemplo, recorrendo, novamente, ao conceito de um corpo físico global, se, metaforicamente, uma célula hepática fica doente, este acontecimento vai ter um efeito incisivo sobre o sub-sistema organísmico de que faz parte, mas essa alteração celular promoverá, também, uma modificação da homeostasia global.
Concluindo, quando um Eu vive na verdade, manifestando a sua autenticidade, ou seja, a sua identidade específica no Todo - que só pode ser vivida na expressão do amor por si próprio e no amor que transmite aos outros, numa intensidade e qualidade apropriadas a cada tipo de relação -, os seus sentimentos de felicidade serão preponderantes, contribuindo, em graus distintos, através da sua postura amorosa, para a felicidade de todas as partículas universais, dada a real ligação quântica que existe entre elas.